quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cara Redoma



Jambuzeiros, videiras, figueiras... Não são raras as vezes em que o homem é comparado a algum tipo de árvore no riquíssimo e poético universo bíblico. Ao ter sido confrontado com o tema desta breve redação, “O que espero do Seminário”, fui impactado primeiramente, com a própria etimologia da palavra. Em que pese o seu sentido eclesiástico de centro de formação, o qual já se utiliza no senso comum, é empolgante refletir sobre seu sentido original: nascedouro de plantas.

Fomos feitos da terra, é o que nos garante o livro de Gênesis, feitos com a mesma composição de todo e qualquer ser vivo, complexos carbônicos que pelo milagre divino se aglutinaram e após infinitas combinações físico-químicas, tornaram-nos efetivamente operacionais. Somos, portanto, fruto da terra, cultivados pela generosa mão do grande Semeador. E como tais temos pelo menos duas necessidades, sermos consumidos em tempo hábil e, posteriormente, gerarmos novos frutos, posto que todo fruto, ao menos antes dos transgênicos, tem semente.

Concatenando as idéias – talvez por ser domingo à tarde – fomos gerados no jardim de Deus (obrigado C.S. Lewis), criados para nos tornarmos árvores frutíferas, que dão sombra, segurança e alimento. Porém o efeito parasitário do pecado nos impede de desenvolver toda nossa potencialidade. Sem cuidados especiais corremos o risco de tornamo-nos videiras secas, que servem somente para serem lançadas no fogo ou, talvez pior, árvores que dão frutos amargos, e infelizmente, por vezes, venenosos.

Como futuras árvores e com a grande responsabilidade de dar bons frutos, recorremos ao nascedouro de plantas, recorremos ao seminário. Uma instituição repleta de jardineiro-professores, botânico-pastores e agrônomo-exemplos-de-vida que, por serem árvores frutíferas, oferecem-nos as melhores condições para que venhamos a ser, conforme a vontade de Deus que nos gerou, jambuzeiros, videiras e figueiras, germinando, crescendo e dando bons frutos.

Infelizmente, como tantas outras coisas no meio evangélico, seminários tornaram-se negócio e custam caro. Lamentavelmente, são árvores envoltas por uma redoma que só penetra aquele que tem. Neste sentido eu que mal sou resigno-me a olhá-los de longe.