Até quando você vai levando (pregada! pregada!)?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Ah Gabriel, fico com inveja. Primeiro porque você não precisa de Blog para pensar em público e segundo porque não precisa trocar a palavra "porrada" por "pregada". A quem me lê, estou pensando em público e talvez o cheiro não seja bom mesmo. Lembro que é só parar de ler por aqui.
Gostaria de dizer que nós, evangélicos, não somos arautos, não conhecemos a verdade, não sabemos quem somos e nem para onde vamos... gostaria, mas não posso. Seria uma verdadeira incoerência com o nosso próprio sistema de crenças, pois somos tudo isso. Conhecemos o Jesus encarnado, o logos que se fez carne, isso nos dá identidade e nos remete à eternidade com o Deus criador de todas as coisas. Mas é, por tantas vezes, o Gabriel, que ainda nem entende que o sofrimento de Jesus é vitória para os cristãos, quem grita contra o pão e circo e não nós. Sim, é verdade que eu só estou mostrando um lado da moeda, estou exagerando propositalmente, generalizando e cometendo injustiças escancaradamente. Poderia falar de pelo menos dois homens que admiro pela coragem, um eu conheço mais e outro menos, respectivamente, Aramis Brito e Ariovaldo Ramos. Os caras são mais brabos que o Gabriel porque além de cantarem as canções que Jesus cantava e ninguém quer ouvir, estão nas ruas. No entanto, estou rabugento e não estou falando bem de ninguém. Portanto, peço permissão, só por hoje e mais uns dias (?), para continuar a minha lamúria utilizando a música, ora literalmente, ora como uma metáfora para igreja visível. Contudo, preciso ressaltar com admiração que eles são apenas alguns dos "caras", e têm seus próprios blogs - certamente mais relevantes que este.
Eu não tenho a intenção de corrigir o mundo, mas tocar na vida de quem, assim como eu, quer pensar publicamente. Quem sabe nos corrigimos mutuamente? Outro dia ouvi um absurdo que bem demonstra a crise em que me encontro. Ao sentar na costumeira cadeira do "Salão Nova Era", onde não "faço a cabeça", mas corto o cabelo desde o tempo em que essa expressão causava medo aos crentes, um cliente cristão evangélico discutindo com um pseudo-marxista bradou: "Eu não sou protestante, sou evangélico". O marxista sorriu e eu tossi. O irmão, além de não conhecer a sua própria história, simplesmente não deve ter ouvido a música do Gabriel em sua versão sacra escrita por Martinho Lutero em 1517, escrita em 95 teses. Lutero entendeu que a Igreja esquecera o seu papel fundamental, conduzir a Cristo. Se a atitude daquele irmão, cliente do Nova Era, foi passional e ignorante por vários motivos, a minha foi tossir. Não fiz nada, o pior, não sei até agora se deveria fazer algo. Se soubesse, teria acertado ou errado, mas reagi com tosse e isso é coisa de cachorro, gato, mas não de gente. Talvez, a culpa não seja dele, do irmão, afinal a política de pão e circo na igreja o tem ensinado a só escutar música evangélica. Mas eu estou criticando a música da igreja, Pão e Circo e quando eu preciso me posicionar por tantas vezes... Cof..Cof...
A música evangélica dos anos 70 era ótima. Escuto-a até hoje com saudades das minhas primeiras experiências com Deus e a sua Igreja. A dos 80 começou bem, mas depois do advento das rádios evangélicas, começou a se moldar às demandas do mercado. Ué, não deveriam ser as demandas do Espírito Santo? Claro que não, afinal queriam dinheiro em suas melodias de prosperidade. De onde percebo, o ícone do humilde cantor que cantava a cruz e sua banda com instrumentos nacionais, foi substituído, de uma só vez, por um "cabra" com calça de couro, carrão e gritando à multidão palavras ególatras. Lembrem-se que estou generalizando. Houve também uma minoria de bons movimentos evangélicos. Contudo, acho que muitos destes estavam tão preocupados em edificar a sua própria fé, num gesto caricato da clausura monástica, que se esqueceram do lema beneditino "ore et labore" - Ore e trabalhe. Qualquer canção cristã deve ser vivida com o próximo.
Agora, falando mesmo de música na igreja - sem metáforas - e pulando os anos 90, que foi quando decidi não escutar mais rádios evangélilcas, assisto impressionado à nossa década atual. Meu Deus, eu era um músico "meia-bomba", tocava de ouvido, mas dava para até para tocar na igreja. Hoje, no entanto, a sofisticação e a técnica me fazem questionar até mesmo se já fui músico um dia. Minha expressão em relação a este último detalhe é: Glória a Deus, de quem procede a música. Sinceramente, acho ótimo que estejamos protestando contra a mediocridade musical tocando melhor. Contudo e ao mesmo tempo, temo que esse "pop-pseudo-rock-argh!-gospel-australiano ou não-de letras chinfrins", esteja propondo mais forma do que conteúdo. Melodias maravilhosas, harmonias sensacionais, solistas fantásticos, mas permeadas de letras pobres e verdades pasteurizadas - quando são verdades. Um pastel sem recheio - estou ficando com fome. Promessas que nunca se cumprirão, ventos que nunca chegarão, paixões sem sentido, enchem de sonhos o ego pecaminoso que quer sempre mais. Um estranho evangelho lindamente cantado, sem cruz, sem o próximo, sem vida eterna.
Resolvi começar a protestar pela música, mas este não é todo o meu protesto. Nem consigo organizar em pequenos textos o meu protesto. Quem sabe em um ano de pequenos textos? Sou contra esta política de pão e circo importada dos romanos, exercida pelos governos, vergonhosamente vendida nas igrejas. Resolvi protestar, ainda que covardemente, num Blog. Quem sabe um dia, tomo coragem para pegar um azorrague e desestabilizar o sistema de comércio do templo sob a bandeira: "Jesus, macho pra caramba".
É estranho perceber o paralelo entre Romanos 12 e a música do Gabriel. Ou melhor, é estranho achar estranho, porque me dá a impressão que Deus só é Deus de crentes. O Senhor de toda terra está falando através do Pensador, ainda que em partes. Leia e conclua.
"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente"..."
Rom 12.2
"Muda que quando você muda o mundo muda com a gente,
A gente muda o mundo com a mudança da mente". Gabriel Pensador.
O que o Pensador não pensou, porque ainda é homem natural é que renovamos a nossa mente para experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Vai tossir ou vai fazer alguma coisa?