quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Velho Guerreiro



Espero que você não tenha entendido que era "Velho Barreiro". Estou fazendo uma homenagem, ao menos no título deste post, ao Chacrinha, ao Velho Guerreiro e não à cachaça. Trago-o à memória, não porque foi uma das grandes figuras da cultura pop daquele Brasil mais ingênuo. Não porque definiu paradigmas da televisão brasileira, mas por dois simples motivos: O primeiro tem a ver com aquela sensacional frase: Quem não se comunica, se trumbica. O segundo tem a ver com aquela buzina e fantasia de palhaço. Como é bom ver um palhaço lúcido.

Tenho passado por tantas coisas novas na minha vida que tenho a impressão que preciso de férias. Não consigo catalogá-las na mesma velocidade com que as vivo. Não tenho mais tempo para ficar pensando e me sinto, muitas vezes, dando mais vazão às minhas pulsões que às reflexões. Nessa hora eu sinto uma grande vontade de estender a cadeira da minha sala, convidar Deus para tomar um café comigo e pedir, "Pai, me ensina?" É nessa hora que paradoxalmente lembro-me do Chacrinha. (Já pensou o que é no seu momento de intimidade com Deus pensar numa figura estranha como o Chacrinha?) Pois é... Penso nele pelos dois mesmos motivos que citei anteriormente, só que aqui já os aplico à minha realidade.

O primeiro motivo. Estou assustado com o que tenho aprendido nos livros e na vida sobre as relações de poder. Infelizmente e em vários momentos vejo que não há tanta diferença entre homens naturais e irmãos piedosos no que diz respeito à política de suas instituições. Será a minha inquietude simples imaturidade e inexperiência? Espero que não. Acho que o Chacrinha também não achava. Até ele, o palhaço, acreditava na comunicação. No entanto nós, os sérios, passamos a amar segredos, especialmente se os guardamos de quem mais deveria que conhecê-los, sejam esposas, maridos, líderes, irmãos. Só não escondemos segredos de Deus porque aprendemos que isso é impossível, mas se pudéssemos... São segredos demais, talvez que porque desejamos poder demais! Não pode ser natural para nós que estejamos nos assemelhando aos homens naturais e suas organizações seculares. Não pode ser simples o fato de estarmos deixando a simplicidade de lado. Não pode ser falsa e cheia de segredos a nossa relação, seja com quem for.

O segundo motivo. Penso no Chacrinha porque ele tinha a consciência de que era palhaço. Tocava a sua buzina e perguntava: "Terezinha?". Todo o auditório respondia: "Úh-uh". Simples e eficiente jargão. Algumas vezes me sinto também um palhaço, mas diferente do Chacrinha porque não me acho um palhaço, nem engraçado sou, minhas piadas são péssimas. Sinto-me assim quando vejo pastores sendo confundidos com palhaços animadores de platéia.


Lamento se sou intransigente, mas recusarei acreditar que a Bíblia que carregamos na mão e no peito seja uma fantasia colorida com paetês e que a pregação da Palavra seja uma mera buzina que conclama o auditório a dizer amém. Apesar do que você vê na sua televisão, Igreja não é entretenimento e pastores não são palhaços. Seria ótimo chegar na Igreja da Gavião Peixoto, onde congrego e fazer todos darem risadas e se sentirem bem. Quem sabe eu citasse um versículo perguntando?  -"Vocês crêem?”- e respondendo cantariam, "Uh-uh", seguido de uma doce gargalhada. Seria ótimo ser um palhaço e divertir a todos, como o Chacrinha, porém pastores não são palhaços em nenhuma hipótese, nem quando são realmente enraçados. Em nenhuma igreja que realmente confesse o nome de Jesus como Senhor um pastor será um palhaço.

Quando um pastor se tornar um palhaço na mente de uma ovelha de Cristo, os seus conselhos serão somente mais uma voz na multidão das vozes deste mundo e isso deixará a ovelha perdida; suas horas gastas em oração e estudos bíblicos serão reduzidas a uma simples e pessoal opinião sobre Deus, o que deixará a ovelha desnutrida; sua dedicação e exemplo serão interpretados como mera manutenção de seu emprego, o que fará a ovelha perder de vista o seu aprisco, obviamente porque perdeu de vista a confiança de que Deus instituiu alguns homens e mulheres como pastores-mestres. Que ironia.  


Moral da história:

É melhor ser um ilusório palhaço, do que viver como um palhaço iludido.

Parabéns pela sinceridade Chacrinha.

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